sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desobedeça


Se puder educar seus filhos em casa, eduque-os!

Se puder não trabalhar para alguém, mas com alguém, faça!

Se decidir que não vai mais pagar seu imposto de renda, por considerá-lo injusto, não pague e esteja disposto a arcar com as consequências.

Não deseje ser martir, não precisamos de mortos no caminho, se não puder transgredir, atue, mas sempre com a consciência da sua liberdade.

Não faça nada além de sua obrigação dentro de um grupo vertical.

Não crie grupos para se sentir líder.

Se perceber que deseja mandar em alguém, dê um jeito de se desvencilhar deste pensamento ou ação o mais rápido possível.

Não mantenha inimigos, a maioria das inimizades é circunstancial.

Acolha-os.

Não vá aonde não quer ir, só pelo medo de que depois ninguém venha até você.

Mantenha contato diário com a natureza, se estiver numa cela, imagine-a mentalmente.

E acima de tudo, divirta-se muito!

 

Inspirado em Thoreau e  no texto “Desobedeça” de Augusto de Franco

Ser comum


O ser que finalmente se acha comum, é um ser revolucionário. Como revolucionário, muitas vezes aparenta sair do ser comum para  se tornar atuante dentro das instituições hierárquicas.  Dentro destas instituições acontece muitas vezes desse ser se cansar e passar por um período de sonambulismo automático.  Não é a desistência do personagem da Matrix que escolhe ir comer a carne, é a porrada da falsa realidade que pode anestesiar temporariamente.  Se o ser comum opta por se ausentar das falsas questões das quais fazem parte a imensa maioria, ele se torna um ser só, não necessariamente solitário. Alguns têm a sorte de encontrar outros seres comuns e compartilharem novas construções da realidade. Outros não.  No meu caso uso minha lucidez para escrever poemas em solitude e partilhar.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Limite do alegre




O limite

do alegre

é sutil.

 

O lago sabe

a água

que cabe.

 

O dia

não lamenta

seu fim.

 

De lugar

o lago

não muda.

 

A água

flui

nos declives

 

não força

subida

impossível.

 

O alegre

homem,

 

chegado

o momento

de ir,

 

não

hesita.

 

O limite

que exagera

se limita.

 

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Um dia simples

Cris Bastos


Acordar, colocar a água do café (sem açúcar) para ferver e enquanto ferve fazer um alongamento de gato.

Beber o café em uma caneca bonita, sentada na mesinha colorida da cozinha.

Acender o primeiro cigarro da manhã e fumar vendo as plantinhas do quintal, molhadas do orvalho.

Subir para o escritório e começar a escrever. Mergulhar no mundo das palavras e esquecer de toda dor que não seja a inventada mesmo que real (“chegar a fingir que é dor a dor que deveras sente”) .
Encontrar AQUELA palavra que o poema guardado ficou esperando por meses.

Parar para almoçar e conversar com a filha que chega da faculdade e com a mãe que veio visitar.

Deitar meia horinha com um livro delicioso e às vezes cochilar sem perceber.

Levantar e sair para resolver coisas do mundo,  chatas, mas suportáveis: dentistas, filas de banco, mercados... Sempre levando a máquina porque a gente nunca sabe quando uma Fada ou o Peter Pan vai aparecer na nossa frente.

Chegar em casa, colocar uma roupa macia e fazer  yoga ouvindo os clássicos dos clássicos ou os clássicos de qualquer outra coisa gostosa.

Sair e dar uma caminhada, respirando eucaliptos, observando nuvens e o por do sol nosso de todo dia.

Tomar um banho frio ou morno, às vezes quente, às vezes muiiito quente.

Procurar um filme na tevê e achar. Procurar e não achar e voltar para o computador para trabalhar naquela foto da Fada que clicou.

Deitar para dormir e sonhar.

Acordar e... Tudo novo de novo.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O Homem desconfortável




 

As crenças e certezas promovem conforto.

Um homem desconfortável é um homem perigoso.

Perigoso para os que estão próximos e satisfeitos com a situação do mundo e principalmente para os interessados em manter o status quo.

Um homem desconfortável vai questionar,

vai mudar de idéias em um piscar de olhos,

terá certezas breves e as descartará em um mesmo instante.

Mas o pior do homem desconfortável, pior para os que o observam, é que ele será feliz.

O homem desconfortável será absurdamente feliz na consciência das incertezas.

O homem desconfortável poderá dançar na chuva, nos shoppings e nos engarrafamentos.

Poderá cantar nas filas e conversar com todos sobre o que bem entender.

O homem desconfortável poderá pintar o cabelo de vermelho e ir onde quiser.

E o homem desconfortável entrará em qualquer lugar, porque o homem desconfortável sabe ser invisível.

Em seu desconforto, aprendeu a voar.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

um erro não justifica outro um erro não justifica outro erro não




 

Existem momentos onde o homem pode se recolher ao seu silencio produtivo e se dedicar a própria evolução.

 

Esses são os tempos de paz.

 

O homem lúcido antecipa os momentos perigosos e sabe o momento de agir.

Sai de sua caverna e atua, suavemente.

 

Quando existe a desunião entre os homens de bem e suas discussões ultrapassam a fronteira do enriquecedor debate, os homens do “mal” ressurgem.

No início, furtivamente, para aos poucos tomarem conta de uma nação.

 

A única forma de combatê-los é fortalecendo a união, achando um ponto de senso comum (paz) e começar a atuar frente ao mundo.

 

(Texto para o agora inspirado  em uma conversa como I Ching)

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Celebrando indagações




Estamos vivendo um momento onde aqueles que pregam certezas políticas ou são ingênuos ou dependem psicológica ou materialmente de alguma forma já estabelecida do poder.

Enquanto vivíamos na ilusão dos extremos: esquerda – direita -  a vida parecia mais simples.

Neste momento, a sensação é de desconforto e tristeza, como se nada mais houvesse para testar.

A desesperança que acompanha o homem quando vê ruir suas ideologias ou sonhos juvenis, pode ser substituída pela expectativa do porvir.

Livres das amarras dos extremos, o ser humano tem a chance de ousar novas portas, algumas nunca testadas.

A vida continuará e mundos velhos serão substituídos por novos.

O homem revolucionário sabe que este é um momento de uma riqueza infinita.

 É justamente quando nada mais do antigo tem sentido que ele é forçado a prosseguir em sua incansável busca por novos ideais.

E só assim, enterrando o que já era e não desistindo, teremos a chance de visualizar novas portas e começar a abri-las para os jovens homens que não viveram nossos ranços do passado.

Este é um momento de celebração, apesar de parecer o contrário. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estado alado



Amar
estado alado
nada se debate.

O que não é
se torna

corpo breve
sem perguntas.

Sentidos
apurados.

O claro
é farto.

A mesa vazia,
palco

da dança
do absoluto

ser

que se entrega
e sem peso
também leva

o outro ser
que mergulha.

E na madrugada,
a vida que se fez serena

adormece.

O sonhar,
do amor
não duvida.

A ponte não está torta

 
 
Na espera
a paz é o meio
do início e fim.
 
No lago
o peixe
que se debate
 
parte
em seu próprio
meio.
 
Ser fiel a si
e assim ser,
 
enfim.
 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Limite do leve



A mesma dor dita
de forma seca - ferida

(sem perder
em profundidade)

pode ter
voz de ave.

O limite do leve
tem asas.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O menino e a bola

 
A copa,
da vida
que rola
 
é um menino
uma bola
 
e a simplicidade
do azul.