sábado, 28 de dezembro de 2013

Alegres navegantes

 


Existem três tipos de pensadores.

Aqueles que têm certezas e lutam por elas, sofrendo ao longo da vida um desgaste próprio dos que brigam.

Aqueles que estão certos da impossibilidade das certezas e sofrem com essa constatação, passando os dias, geralmente, mergulhados em melancolias.
 
E finalmente, aqueles que sabem das incertezas e se divertem com dúvidas. Não se angustiam.

Pensam tranquilos, nas infinitas possibilidades de tudo. Adoram fazer perguntas para si e para os que como eles, navegam.

Respondem-se, perguntando. Acalmam a mente e no espaço natural, criado ou não pelo homem, ouvem sua voz interior e a voz de outros que vieram antes e durante. Dialogam, muitas vezes em silêncio.

E quanto às certezas só temos de três: A gente nasce, morre e nesse curto tempo, entre o nascer e morrer temos a chance de desvendar e desfrutar mundos – interior mesclado com  exterior - a cada mágico segundo.

 
Feliz 2014!
 
Tudo
não passa
desse instante
 
tudo
 
a vida
e antes.

*********************


All
does not pass
this moment
all
life
and above.
 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Mergulho na rosa rubra

Cris Bastos
 
 
O miolo
da rosa
 
(de óculos
escuros)
 
não teme
o despetalar.
 
No perfumado
rubro
 
vive
eterno,
 
 profundo.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Humildades


 

A Humildade existe em várias faces e facetas.

Tem a humildade falsa que estampa os textos ou frases e se limita para não se vangloriar, ainda que o que queira quem a possui, seja mais um afago, mais um elogio, mais um dizer; você é demais e ainda por cima é humilde.

Tem a humildade insegura, aqueles que não sabem mesmo se o que fazem ou o que são, agrada aos outros ou agrada a si mesmo e vivem perguntando: mas você gostou mesmo?

E finalmente, tem a humildade verdadeira que vejo da seguinte forma:

Você cria. Você é e gosta.

Você partilha, divide, faz contato e gosta.

Você não se vangloria porque não existe razão para se vangloriar, porque não existe nada que justifique o vangloriar-se. É perda de tempo.

Você sabe que se se acomodar na glória, vai interromper um processo de crescimento pessoal.

Ainda que você goste do que é e faz, você consegue gostar do mesmo tanto, do que outros são e fazem. Você elogia o elogiável. Não senta no convencimento de sua obra, seja ela de que área for, como se fosse a maior bunda do mundo. Reconhece defeitos, erros e o que pode, modifica. Não se irrita com críticas, quando legítimas. Rodeia-se de bons amigos-professores. Prossegue irremediavelmente justo.

Essa a meu ver é a humildade natural que todo ser humano possui, mas poucos a exercem.

O resto é ilusão.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

é o mar é o mar é o mar


Do porto
inventei o mar

no mar
o papo foi outro
inventei um porto

de volta
nada é pouco

o mar é o mar.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Perdoo


Natal, Fim de Ano... Dizem que é uma época onde devemos perdoar. Pensei muito e nesse ano que passou só tem uma pessoa que gostaria de perdoar: eu mesma.
Me perdoo por ter sido tão briguenta (tenho lá minhas razões, mas não é época de ficar explicando), me perdoo por ter sido impaciente, ter ficado irritada (as bobagens aumentaram, mas não é o momento de dizer isso), me perdoo por falar demais, não me calar na hora certa ou me calar na hora errada. Me perdoo por de vez em quando alucinar e não dizer coisa com coisa, nem mesmo pra mim. Me perdoo por duvidar de quase tudo e acreditar em fadas. Me perdoo por esquecer de abrir minha caixa de e-mails e deixar de comparecer a um monte de eventos chatos (não todos) e necessários para manter a política da boa vizinhança.
Me perdoo por achar que ainda é possível um despertar coletivo e ficar citando Jung, I Ching e Buda a toda hora. Me perdoo por ser romantica, idealista e de vez em quando me sentir na beira de um precipício com os pés e mãos amarrados. Me perdoo por me lançar no abismo e depois voltar, estraçalhada, mas cheia de novas perguntas e paisagens. Me perdoo por insistir em ser eu mesma, e o meu “eu mesma”, mudar a toda hora. Me perdoo enfim, e como é de praxe, me abraço.
Agora vou fazer a mala e me preparar para me curtir no mar. Um lindo natal e ano novo para todos que estiveram pertinho nesse ano! Ah... E perdão por esse texto tão longo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Tia (:


Para os queridos jovens, gostaria de desabafar ...

Primeiro não sou tia, a não ser que sua mãe ou pai sejam irmãos dos meus, pai ou mãe. Ou você, tenha sido criado como sobrinho (a), abrindo minha geladeira pelas manhãs durante bons e longos anos.  Chamar uma pessoa mais velha de tia minimiza o valor que uma verdadeira tia tem na sua vida. Dá a sensação de que você não sabe o nome da pessoa com quem fala, afinal: “passou dos 40... Pra que saber?”.

Afasta a pessoa com quem você conversa.

Cria um clima sutil agressivo, desinformado e sem brilho - e sutil conformado.

Se você prestar atenção, com suas verdadeiras tias, você usa o nome delas, além da “tia”.

Nós, as pessoas mais velhas que vocês, não estamos doentes. Não é nossa culpa o tempo.

Ser jovem não é um dom, é uma contingência e infelizmente passa.

 Ser jovem, interiormente, é possível e se você ficar atento às nuances da vida é mais provável.

Então... Por favor... Tia a puta que pariu!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Arma margarida


Pelo nefasto
passeio

com meu vestido
de margaridas...

   Não assim
   tão distraída.

Flechas
não me ferem

o escudo
é leveza

perfume
do instante

clareza.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Papo niilista




A democracia é uma droga, mas não existe nada melhor e viável, então nos resta conviver e aceitar. A velhice é uma merda, mas não existe cura, existem maneiras de conviver com ela. As religiões são todas absurdas, mas se algumas pessoas precisam delas, só nos resta conviver com elas... Religião e pessoas.  Chego a conclusão de que viver é um ato de conformismo ... Os que morrem jovens, não passam por esse vexame.

A única coisa que nos dá a sensação de estarmos fazendo algo contra o conformismo é o mergulho em qualquer atividade que abraçamos com pele e alma. Seja a arte, meditações, pesquisas profundas em qualquer área, etc.

Ainda assim, de vez em quando, a sensação pura da inutilidade de tudo, nos dá um soco na cara. E como um boxeador caído, nessas horas temos duas escolhas: continuar no chão ou respirar fundo e encarar o próximo, talvez último, round.