sábado, 22 de novembro de 2014

ratogatoratogatoratogatoratosimnãosimnãomalbemmal


O sim

o não

se apresentam.

 

Gato

rato

dentro do circo.

 

Nem sim

é gato

nem não

é rato.

 

Nem não

é gato

nem sim

é rato.

 

No espelho

do palco

fazem reverência.

 

Ao som suave

que vem das coxias

bailam.

 

Patas entrelaçadas

caudas longas

criando movimentos.

 

Nem risos

nem rugidos.

 

A plateia

aplaude

o único corpo

que se forma

quando o sim

e o não

se encontram.

 

No olhar

de quem observa a dança,

nem bem nem mal.

 

A lucidez

é bailarina.

Vento lúcido




   Hoje dediquei um tempinho pensando nos que lutaram e brigaram tanto para o PT se manter no poder e confesso ter sentido uma certa pena. Sei que sentir pena não é algo legal para quem é o alvo do sentimento, mas não sei expressar de outra forma. Talvez... Constrangimento.

 É que agora, esses nobres militantes, não se sentem mais livres para criticar.

Fico lembrando quando éramos oposição, sim, votei no Lula na primeira vez em que foi eleito, e de como nos divertíamos sendo os revolucionários.

Penso naquelas figuras lindas que fizeram parte da minha adolescência, felizes por ter algo em que acreditar e senti isso... Constrangimento.

Agora que o sonho tá sentado no trono, será que todos acostumados a ser oposição se sentem confortáveis? Aplaudem tudo com fé e gosto?

 Alguns dos meus velhos amigos, como eu, evoluíram.  Estão aí, aqui, ali, seguindo junto com quem resolveu continuar investigando o mundo.

 Gosto de falar essa palavra, evolução, porque não há outra forma de explicar o crescer, saindo dos rebanhos orquestrados.

Aqueles que já fecharam o mundo, será que em algum lugar lá dentro, bem dentro, não sentem uma vontade louca de gritar qualquer coisa que não seja a aceitação?

 
Pelo teor delicado desta postagem, pode parecer que estou usando da ironia.

Mas não.

Se dependesse deste governo para sobreviver, ou se não tivesse viajado tanto e visto muito, ou se não tivesse naquele lugar onde estava aquele texto ou aquela pessoa, eu poderia, também, ter seguido dormindo.

 Acordada, me lembro do koan que diz: a folha caída nunca retorna ao galho de origem.

 
É mágico,
o vento.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Onde crio

Tuiinn

A estropiada                                                       
fada
lança
velhas palavras
no fosso do palácio.
 
Ignora o fogo
que isola.
 
Cria pontes.
Quando criam
agradece.
 
Celebra festas
na neblina.
Despertos raros
e a sintonia.
 
Há isso
e o abismo
que varia.
 
Do nada
a falta de tudo,
a dormente busca
pelo absoluto,
o espetáculo
que não basta.
 
Quando o poço
passa
e a razão,
 
o som
da palavra
batendo
na pedra
no fundo
do fosso,
ecoa no mar.

 Tuiinn Tuinn

sábado, 17 de maio de 2014

Já volto.....

Fui ali
clicar um mosquito

depois te ligo....

O que é Matrix?


Basicamente são as hierarquias.
As ordens, as guerras.

A saída da matrix está em saber quando e como  desobedecer.


                          (    ...e nunca no início houve Adão e da sua costela, Eva.. Nunca houve esse início. O que começou foi com macacos que se chamavam de "ier...ire" e nunca se chamaram de macacos ou de machos ou fêmeas.
Tinham faro de partilha. Depois, muito depois, deram nome a todas as boiadas e os primeiros sons se esquivaram dos equívocos... )


Desobedecer não é  exatamente fazer o que você acha que não quer fazer.
É, principalmente,  saber porque você DeScObRiU que não quer fazer .

Quando você entende ,vai parecer querer complicar, pra você e para o outro.

Mas, é simples....

Esvazia essa moringa

Ele me fala do inconsciente...
Para explicar
cita outros.

Com tanto ruído
como ouvir o som
do recipiente?
 

Saindo da Matrix

Quem sabe do que falo, sabe. Quem não ou tem dúvidas ...Bom...

A Matrix não é um lugar de onde você sai.  No sentido de abrir a porta.
Não existe simples cidade.
Da matrix a gente sai quando toma consciência do tempo em  que estivemos adormecidos e
 isso não tem nada de novo.

A consciência não é novidade.

Não espanta também aqueles que tentam  minimizar a importância do despertar.
Tem um blog de uma Lola, que diz que sair da matrix é assumir ser gay. (com base no filme)

Assumir papéis na matrix é legal, ou deveria.
Isso é o de menos ou mais, é bom saber quem Você  quer ser na Matrix.

Vamos falar dela?


(

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desobedeça


Se puder educar seus filhos em casa, eduque-os!

Se puder não trabalhar para alguém, mas com alguém, faça!

Se decidir que não vai mais pagar seu imposto de renda, por considerá-lo injusto, não pague e esteja disposto a arcar com as consequências.

Não deseje ser martir, não precisamos de mortos no caminho, se não puder transgredir, atue, mas sempre com a consciência da sua liberdade.

Não faça nada além de sua obrigação dentro de um grupo vertical.

Não crie grupos para se sentir líder.

Se perceber que deseja mandar em alguém, dê um jeito de se desvencilhar deste pensamento ou ação o mais rápido possível.

Não mantenha inimigos, a maioria das inimizades é circunstancial.

Acolha-os.

Não vá aonde não quer ir, só pelo medo de que depois ninguém venha até você.

Mantenha contato diário com a natureza, se estiver numa cela, imagine-a mentalmente.

E acima de tudo, divirta-se muito!

 

Inspirado em Thoreau e  no texto “Desobedeça” de Augusto de Franco

Ser comum


O ser que finalmente se acha comum, é um ser revolucionário. Como revolucionário, muitas vezes aparenta sair do ser comum para  se tornar atuante dentro das instituições hierárquicas.  Dentro destas instituições acontece muitas vezes desse ser se cansar e passar por um período de sonambulismo automático.  Não é a desistência do personagem da Matrix que escolhe ir comer a carne, é a porrada da falsa realidade que pode anestesiar temporariamente.  Se o ser comum opta por se ausentar das falsas questões das quais fazem parte a imensa maioria, ele se torna um ser só, não necessariamente solitário. Alguns têm a sorte de encontrar outros seres comuns e compartilharem novas construções da realidade. Outros não.  No meu caso uso minha lucidez para escrever poemas em solitude e partilhar.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Limite do alegre




O limite

do alegre

é sutil.

 

O lago sabe

a água

que cabe.

 

O dia

não lamenta

seu fim.

 

De lugar

o lago

não muda.

 

A água

flui

nos declives

 

não força

subida

impossível.

 

O alegre

homem,

 

chegado

o momento

de ir,

 

não

hesita.

 

O limite

que exagera

se limita.

 

 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Um dia simples

Cris Bastos


Acordar, colocar a água do café (sem açúcar) para ferver e enquanto ferve fazer um alongamento de gato.

Beber o café em uma caneca bonita, sentada na mesinha colorida da cozinha.

Acender o primeiro cigarro da manhã e fumar vendo as plantinhas do quintal, molhadas do orvalho.

Subir para o escritório e começar a escrever. Mergulhar no mundo das palavras e esquecer de toda dor que não seja a inventada mesmo que real (“chegar a fingir que é dor a dor que deveras sente”) .
Encontrar AQUELA palavra que o poema guardado ficou esperando por meses.

Parar para almoçar e conversar com a filha que chega da faculdade e com a mãe que veio visitar.

Deitar meia horinha com um livro delicioso e às vezes cochilar sem perceber.

Levantar e sair para resolver coisas do mundo,  chatas, mas suportáveis: dentistas, filas de banco, mercados... Sempre levando a máquina porque a gente nunca sabe quando uma Fada ou o Peter Pan vai aparecer na nossa frente.

Chegar em casa, colocar uma roupa macia e fazer  yoga ouvindo os clássicos dos clássicos ou os clássicos de qualquer outra coisa gostosa.

Sair e dar uma caminhada, respirando eucaliptos, observando nuvens e o por do sol nosso de todo dia.

Tomar um banho frio ou morno, às vezes quente, às vezes muiiito quente.

Procurar um filme na tevê e achar. Procurar e não achar e voltar para o computador para trabalhar naquela foto da Fada que clicou.

Deitar para dormir e sonhar.

Acordar e... Tudo novo de novo.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O Homem desconfortável




 

As crenças e certezas promovem conforto.

Um homem desconfortável é um homem perigoso.

Perigoso para os que estão próximos e satisfeitos com a situação do mundo e principalmente para os interessados em manter o status quo.

Um homem desconfortável vai questionar,

vai mudar de idéias em um piscar de olhos,

terá certezas breves e as descartará em um mesmo instante.

Mas o pior do homem desconfortável, pior para os que o observam, é que ele será feliz.

O homem desconfortável será absurdamente feliz na consciência das incertezas.

O homem desconfortável poderá dançar na chuva, nos shoppings e nos engarrafamentos.

Poderá cantar nas filas e conversar com todos sobre o que bem entender.

O homem desconfortável poderá pintar o cabelo de vermelho e ir onde quiser.

E o homem desconfortável entrará em qualquer lugar, porque o homem desconfortável sabe ser invisível.

Em seu desconforto, aprendeu a voar.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

um erro não justifica outro um erro não justifica outro erro não




 

Existem momentos onde o homem pode se recolher ao seu silencio produtivo e se dedicar a própria evolução.

 

Esses são os tempos de paz.

 

O homem lúcido antecipa os momentos perigosos e sabe o momento de agir.

Sai de sua caverna e atua, suavemente.

 

Quando existe a desunião entre os homens de bem e suas discussões ultrapassam a fronteira do enriquecedor debate, os homens do “mal” ressurgem.

No início, furtivamente, para aos poucos tomarem conta de uma nação.

 

A única forma de combatê-los é fortalecendo a união, achando um ponto de senso comum (paz) e começar a atuar frente ao mundo.

 

(Texto para o agora inspirado  em uma conversa como I Ching)

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Celebrando indagações




Estamos vivendo um momento onde aqueles que pregam certezas políticas ou são ingênuos ou dependem psicológica ou materialmente de alguma forma já estabelecida do poder.

Enquanto vivíamos na ilusão dos extremos: esquerda – direita -  a vida parecia mais simples.

Neste momento, a sensação é de desconforto e tristeza, como se nada mais houvesse para testar.

A desesperança que acompanha o homem quando vê ruir suas ideologias ou sonhos juvenis, pode ser substituída pela expectativa do porvir.

Livres das amarras dos extremos, o ser humano tem a chance de ousar novas portas, algumas nunca testadas.

A vida continuará e mundos velhos serão substituídos por novos.

O homem revolucionário sabe que este é um momento de uma riqueza infinita.

 É justamente quando nada mais do antigo tem sentido que ele é forçado a prosseguir em sua incansável busca por novos ideais.

E só assim, enterrando o que já era e não desistindo, teremos a chance de visualizar novas portas e começar a abri-las para os jovens homens que não viveram nossos ranços do passado.

Este é um momento de celebração, apesar de parecer o contrário. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Estado alado



Amar
estado alado
nada se debate.

O que não é
se torna

corpo breve
sem perguntas.

Sentidos
apurados.

O claro
é farto.

A mesa vazia,
palco

da dança
do absoluto

ser

que se entrega
e sem peso
também leva

o outro ser
que mergulha.

E na madrugada,
a vida que se fez serena

adormece.

O sonhar,
do amor
não duvida.

A ponte não está torta

 
 
Na espera
a paz é o meio
do início e fim.
 
No lago
o peixe
que se debate
 
parte
em seu próprio
meio.
 
Ser fiel a si
e assim ser,
 
enfim.
 

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Limite do leve



A mesma dor dita
de forma seca - ferida

(sem perder
em profundidade)

pode ter
voz de ave.

O limite do leve
tem asas.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

O menino e a bola

 
A copa,
da vida
que rola
 
é um menino
uma bola
 
e a simplicidade
do azul.