quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

pazpazfazpazpaz




Não há muito a fazer quando o calor é opressivo, a água é escassa e o governo corrupto, corrompe homens fracos.  Não há muito a dizer quando as palavras, que gritam o mal de um tempo, já não surtem efeito.

Nestas horas o recolhimento pode tornar-se um hábito, criando mais afastamentos, que favorecem o desejado tédio dos governos autocráticos. 

Homens de bem se afastam buscando a companhia da natureza ou de seus iguais. E nas ruas ou praças é visível a desesperança e a desconfiança impera.

Sabemos quem são os que apoiam os governos, que em meio à corrupção, permanecem impunes.  Uma das coisas mais poderosas que temos é a consciência. Enquanto continuarmos  a falar sobre aquilo que vamos percebendo, estaremos resistindo.

A arma mais poderosa nestes tempos sombrios é a alegria, acompanhada da paz que permanece inabalável.

Resistindo alegremente, já vencemos.

sábado, 22 de novembro de 2014

ratogatoratogatoratogatoratosimnãosimnãomalbemmal


O sim

o não

se apresentam.

 

Gato

rato

dentro do circo.

 

Nem sim

é gato

nem não

é rato.

 

Nem não

é gato

nem sim

é rato.

 

No espelho

do palco

fazem reverência.

 

Ao som suave

que vem das coxias

bailam.

 

Patas entrelaçadas

caudas longas

criando movimentos.

 

Nem risos

nem rugidos.

 

A plateia

aplaude

o único corpo

que se forma

quando o sim

e o não

se encontram.

 

No olhar

de quem observa a dança,

nem bem nem mal.

 

A lucidez

é bailarina.

Vento lúcido




   Hoje dediquei um tempinho pensando nos que lutaram e brigaram tanto para o PT se manter no poder e confesso ter sentido uma certa pena. Sei que sentir pena não é algo legal para quem é o alvo do sentimento, mas não sei expressar de outra forma. Talvez... Constrangimento.

 É que agora, esses nobres militantes, não se sentem mais livres para criticar.

Fico lembrando quando éramos oposição, sim, votei no Lula na primeira vez em que foi eleito, e de como nos divertíamos sendo os revolucionários.

Penso naquelas figuras lindas que fizeram parte da minha adolescência, felizes por ter algo em que acreditar e senti isso... Constrangimento.

Agora que o sonho tá sentado no trono, será que todos acostumados a ser oposição se sentem confortáveis? Aplaudem tudo com fé e gosto?

 Alguns dos meus velhos amigos, como eu, evoluíram.  Estão aí, aqui, ali, seguindo junto com quem resolveu continuar investigando o mundo.

 Gosto de falar essa palavra, evolução, porque não há outra forma de explicar o crescer, saindo dos rebanhos orquestrados.

Aqueles que já fecharam o mundo, será que em algum lugar lá dentro, bem dentro, não sentem uma vontade louca de gritar qualquer coisa que não seja a aceitação?

 
Pelo teor delicado desta postagem, pode parecer que estou usando da ironia.

Mas não.

Se dependesse deste governo para sobreviver, ou se não tivesse viajado tanto e visto muito, ou se não tivesse naquele lugar onde estava aquele texto ou aquela pessoa, eu poderia, também, ter seguido dormindo.

 Acordada, me lembro do koan que diz: a folha caída nunca retorna ao galho de origem.

 
É mágico,
o vento.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Onde crio

Tuiinn

A estropiada                                                       
fada
lança
velhas palavras
no fosso do palácio.
 
Ignora o fogo
que isola.
 
Cria pontes.
Quando criam
agradece.
 
Celebra festas
na neblina.
Despertos raros
e a sintonia.
 
Há isso
e o abismo
que varia.
 
Do nada
a falta de tudo,
a dormente busca
pelo absoluto,
o espetáculo
que não basta.
 
Quando o poço
passa
e a razão,
 
o som
da palavra
batendo
na pedra
no fundo
do fosso,
ecoa no mar.

 Tuiinn Tuinn

sábado, 17 de maio de 2014

Já volto.....

Fui ali
clicar um mosquito

depois te ligo....

O que é Matrix?


Basicamente são as hierarquias.
As ordens, as guerras.

A saída da matrix está em saber quando e como  desobedecer.


                          (    ...e nunca no início houve Adão e da sua costela, Eva.. Nunca houve esse início. O que começou foi com macacos que se chamavam de "ier...ire" e nunca se chamaram de macacos ou de machos ou fêmeas.
Tinham faro de partilha. Depois, muito depois, deram nome a todas as boiadas e os primeiros sons se esquivaram dos equívocos... )


Desobedecer não é  exatamente fazer o que você acha que não quer fazer.
É, principalmente,  saber porque você DeScObRiU que não quer fazer .

Quando você entende ,vai parecer querer complicar, pra você e para o outro.

Mas, é simples....

Esvazia essa moringa

Ele me fala do inconsciente...
Para explicar
cita outros.

Com tanto ruído
como ouvir o som
do recipiente?
 

Saindo da Matrix

Quem sabe do que falo, sabe. Quem não ou tem dúvidas ...Bom...

A Matrix não é um lugar de onde você sai.  No sentido de abrir a porta.
Não existe simples cidade.
Da matrix a gente sai quando toma consciência do tempo em  que estivemos adormecidos e
 isso não tem nada de novo.

A consciência não é novidade.

Não espanta também aqueles que tentam  minimizar a importância do despertar.
Tem um blog de uma Lola, que diz que sair da matrix é assumir ser gay. (com base no filme)

Assumir papéis na matrix é legal, ou deveria.
Isso é o de menos ou mais, é bom saber quem Você  quer ser na Matrix.

Vamos falar dela?


(

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desobedeça


Se puder educar seus filhos em casa, eduque-os!

Se puder não trabalhar para alguém, mas com alguém, faça!

Se decidir que não vai mais pagar seu imposto de renda, por considerá-lo injusto, não pague e esteja disposto a arcar com as consequências.

Não deseje ser martir, não precisamos de mortos no caminho, se não puder transgredir, atue, mas sempre com a consciência da sua liberdade.

Não faça nada além de sua obrigação dentro de um grupo vertical.

Não crie grupos para se sentir líder.

Se perceber que deseja mandar em alguém, dê um jeito de se desvencilhar deste pensamento ou ação o mais rápido possível.

Não mantenha inimigos, a maioria das inimizades é circunstancial.

Acolha-os.

Não vá aonde não quer ir, só pelo medo de que depois ninguém venha até você.

Mantenha contato diário com a natureza, se estiver numa cela, imagine-a mentalmente.

E acima de tudo, divirta-se muito!

 

Inspirado em Thoreau e  no texto “Desobedeça” de Augusto de Franco

Ser comum


O ser que finalmente se acha comum, é um ser revolucionário. Como revolucionário, muitas vezes aparenta sair do ser comum para  se tornar atuante dentro das instituições hierárquicas.  Dentro destas instituições acontece muitas vezes desse ser se cansar e passar por um período de sonambulismo automático.  Não é a desistência do personagem da Matrix que escolhe ir comer a carne, é a porrada da falsa realidade que pode anestesiar temporariamente.  Se o ser comum opta por se ausentar das falsas questões das quais fazem parte a imensa maioria, ele se torna um ser só, não necessariamente solitário. Alguns têm a sorte de encontrar outros seres comuns e compartilharem novas construções da realidade. Outros não.  No meu caso uso minha lucidez para escrever poemas em solitude e partilhar.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Limite do alegre




O limite

do alegre

é sutil.

 

O lago sabe

a água

que cabe.

 

O dia

não lamenta

seu fim.

 

De lugar

o lago

não muda.

 

A água

flui

nos declives

 

não força

subida

impossível.

 

O alegre

homem,

 

chegado

o momento

de ir,

 

não

hesita.

 

O limite

que exagera

se limita.