quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Que mares aguardam os outros...



 



O que me importa os homens

seus guardas- chuvas

suas caras transtornadas

sua melancolia

idiotices

suas lágrimas...

 

o que me importa

mundos

que não navego...

 

Borrada

é a espera

pela janela...

 

Quando a viagem instiga

meus olhos fecham o mundo

e sonham.


...ontem, no engarrafamento, entardeci cruel...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Deitada na sombra



Flexas antecipam
meu precipício.

Descubro imagens
para driblar o suicídio

... Morte dos olhos vivos...

É preciso mais que lembranças
para afastar a queda

mais que morte
para afastar a lembrança
dos olhos vivos...

Tudo é precioso,
a rede e a vida
que na rede se cochila...

Estar atento
é um instante de esquecimento
de si.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Outro papo



Do porto
inventei o mar
 
no mar
o papo foi outro
 
inventei
um porto...
 
De volta
nada é pouco
 
o mar
é o mar... é o mar...é o mar...


*************

The port
invented the sea
at sea
The talk was another
invented
a port ...
Back
nothing is little
the sea
is ... the sea is the sea ... the sea is ...

Asa partida



Estou indo
tecer
montanhas...

Minas
conheço bem
nossas reservas

   meu lado sombrio
   minha asa partida...

Deuses e anjos
de repente

adormecem
entre teclas

e viajam
sagrados destinos...

domingo, 27 de outubro de 2013

Desejo

 
Cris Bastos

                                                                                                             

Me devolva a festa
limpidez do sugerido

nada muito branco
no claro demais
os olhos se intimidam.

Me permita a brasa
dos braços que se roçam

leve o desejo
a passear na tarde morna

cada olhar
aos monumentos
será lânguido...

No café,
o vinho

lábios
buscam copos

adiando
ainda...

Parta
leve o fogo
a incendiar os sonhos...

No outro dia,
brando

telefone
e
chore...


Na foto...       Olhos de Ana


sábado, 26 de outubro de 2013

Leve


 
Hoje
nada
de filosofia
 
quero
mãos
dadas
 
uma
breve
poesia.
 
 
Na foto, eu e meu eterno amigo, Rei Simões. Tirada com disparador automático.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Corpo de vôo




   Ave
   com
   asas
   largas

recolhida

   é presa
   do próprio
   peso

Desatino

 

 
A noite
pintou imensa
sobre o arco-íris
 
a lucidez
bateu asas
e babau...
 
Pernas
pra que te quero asas...
 
Vida,
pra que te quero...

Gente boa

 
 
 
Não tenha medo
não morde,
 
o silencio
 
só espia
por dentro.
 
Deve ser
imenso
 
para calar
tantos segredos.

 
 
 
Na foto, Ana Bastos Rocha e André

  
 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sim



Enfim
 
Tudo
em
mim

Textos à toa

Aqui, meu canto de escritos por aí...Gravados em pedras...Riscados na areia...Partilhados no face...
Esquecidos em bloquinhos ...guardanapos... Textos à toa...



Em alguns momentos de nossas vidas perdemos o olhar mágico.
Esses são os dias mais perigosos.
É quando o tempo, a velhice e a solidão, parecem ter um peso imensurável e irreversível.
Reencontrar o vôo das horas iluminadas
é nossa tardefa dos dias.
Uma vida sem magia é seca e rancorosa.
Deixa brincar a criança
no riso da eternidade do agora.
 

********************

A poeta anda confusa... Com tudo... Quase todos... Fazia tempo que não sentia esse desânimo com a superfície do mundo. Vinha trafegando por ela como alguém que no início teve que tomar um remédio amargo e aos poucos até passou a achar gosto belo.  Saia... pintava os lábios, voltou a sonhar com abraços... Se perguntada, deitada na cama, olhando o teto, não saberia dizer a hora exata em que o mel virou fel. Ela abre a janela do quarto... O céu é de um azul que venta.  Escreve um bilhete pra filha: tem macarrão no forno, te amo. Fecha os olhos e se dirige para a caverna. Sabe que estocou pensamentos para muitas vidas.  Abre a porta, nenhum cômodo está empoeirado e lentamente hiberna.

********************

Não... não gosto da poesia rasa, aquela que navega em piadas ou naufraga em adjetivos.
Não gosto e não finjo.
O verbo é pedra rara...
Encontrar e lapidar é ofício.

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Os prolixos que me perdoem, mas ou você é poeta ou narrador. Assuma sua prosaica narrante vida, crie contos...escreva aquele mágico romance... Um poeta megulha no máximo , dizendo o mínimo. Andarilho com muita bagagem exposta , é turista.

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Um longo verso, intenso, não é menos...... nenhuma palavra é inútil quando o mergulho é profundo.

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Sabe como vejo a reencarnação ? Assim... Nossa primeira encarnação foi na barriga da nossa mãe, dessa, temos pouquíssimas lembranças reais, talvez fragmentos de sensações... Depois bebês... já lembramos um pouquinho mais, alguns traumas ficam, ternuras também. Então vem infância, adolescência, vida adulta em várias fases e se a gente der sorte, velhice, mais velhice e morte. Da última reencarnação é da qual mais temos lembranças. Dizem que o que vivemos agora é decorrente das nossas  encarnações passadas, pensando da forma como penso, não tenho dúvidas. .. Minha última encarnação foi há menos de um segundo atrás...me lembro de tudo e só estou aqui escrevendo porque na encarnação passada, de um minuto atrás, decidi escrever.
 
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Sabe o que é uma boa vida?
Ter na lápide ou memória escrita, aqui está a mãe, que enterrou a mãe e nunca enterrou um filho.
Simples assim. (:
 
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Estou solteira há alguns anos. Convivo bem com minha solitude.
Sabe do que mais sinto falta ?
De rir juntos.

Não tem nada mais gostoso do que rir com alguém.
Rir de um filme bobinho...uma risadinha chamando outra que chama outra e as risadas continuando... trilha à fora...
De repente rir da própria dor e o outro rindo também e tudo desimporta...
Longos caminhares de risos..
Envelhecer sorrindo...chegar tempo de rir baixinho...uns dias mais contidos...e no final...unidos,
uma longa risada que gargalhe o mundo e encerrar...sorrindo... uma jornada.

Só disso...só disso, sinto falta (:

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A primeira vez em que me chamaram de “Senhora”, foi tipo assim...um susto... de repente eu era uma moça e virei ‘senhora’. Olhei pra cara da mocinha lindinha de no máximo 18 anos e não acreditei que era comigo. Olhei pra trás ...quem sabe alguma velhinha...nada...era comigo mesmo. E a mocinha lá...me encarando com aqueles olhos de 12 anos... “Senhora, vai querer troco?” Acho que gaguejei na hora e... disse não minha filha, pode ficar. Fui pra casa e pensei seriamente numa cirurgia plástica...me decidi por uma viagem ...Isso já tem muitos e muitos anos...Hoje fico feliz quando me chamam de você e se referem a mim , como...aquela moça ali...Mas nunca vou me esquecer do espanto da primeira vez...Senhora.? É a pqp...Enfim...isso eu nunca disse..:)))) disse não minha filha, pode ficar. Fui pra casa e pensei, nada seriamente, numa cirurgia plástica...me decidi por uma viagem.
Isso já tem muitos e muitos anos...Hoje fico feliz quando me chamam de você e se referem a mim , como...aquela moça ali...Mas nunca vou me esquecer do espanto da primeira vez...Senhora.? É a pqp...Enfim...isso eu nunca disse..:))))



*********


 

Cachimbo da paz


Um anjo invernava
poeira passava
por seus cachos

meditava
versos
obscuros

de vez em
quando
um cacho duro

antenava
tamanhos
absurdos                                                    

que o anjo
perguntava,

se eu voltar
verão

em que
vou cravar
minha espada.


 
Grande Gabriel!!!!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Desencaixada


Acho
que
não
caibo
nessa
caixa
 
tão
pequena
não
me
acho
 
escôo
pelas
frestas.

Corretas

 
 
Duas linhas retas
passam rentes
 
fingindo ser
indiferentes
 
mas soube...
 
Criaram curvas
subterrâneas
 
onde
se amam
 
longe dos nossos olhos
coerentes.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Verso

Despreocupada
a palavra vaga
no intervalo
do ofício.                                                                     

Poetar é gosto
insistência
vício...

Quando nada há
digo o vazio
e findo.

Não importa - lembrando Raul

 
Não importa
se não comando
meu forte
é ver navios
 
em sossego
sei sorver...
 
Se sopra,
brisas
 
se venta,
tempesteio.
 
Não importa
se sou mestre
em arrasar passados...
 
Só no meu mapa
mexo
é minha
a história que calo.
 
na loucura
sei sorver,
 
o mel
o veneno
do meu prato.
 
´Fotos de um mímico chileno que trabalha nos sinais, imitando Raul Seixas
 


Tambores


 
Mãos que remam
não descansam
 
Enquanto navegam
vão
nominando
ondas...


( mãos de Luli e Lucina )

Intensidade


Breve
foi a água
despencando...

cara de eternidade.

O intenso
tem
essa mania

pode durar
menos
de um dia

mas fica
colado
na paisagem

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Invento o vento

 
Primeiro
foi
deserto
 
então
vida
virou teia
 
agora
no
inverno
 
vento doce
me
torneia.

Estrada afora



No fim,

minha avó
desenhava mapas
no seu vestido...

      traçava rotas

Viver...

Aceitei
seu amor em fuga

Simples
avós ficam tristes

e a vida?

     era verão.


domingo, 20 de outubro de 2013

Teço

 
Se o vazio
é meu tema

não há
porque temer
falta
de assunto...

Há um mundo
no vazio que teço

sem tantos
termos
ditos.


Artaud

 
Artaud
volto a fazer teatro
a escavar no fundo
o gesto de cada ato
 
a andar nua
na sociedade
de trapo.

Absurdo

 
Estou abraçada
a um pato
no centro do palco

o mundo
é esse abraço
e luz.

De olhos vermelhos
o pato fita
o absurdo

aplaudem
o que pensam ser
um ato lírico

engulo
o riso.

Dois bichos...
 
Um
 amanhã
despertará envolto
em água...tribo

eu
despertarei
para o mesmo abismo.

 

Recado na pele

 
No frio
tatuei
meu corpo
 
ave em vôo
 
Quando me despi
o sol
era bola de fogo
 
No inverno
gravei um recado
para o verão.

Outras portas

Nada é tão
sério
é feira
e se fere...

bem ir
meu bem
ouça,

não vá
como Torquato
buscar outros quintais
apesar da noite ser propícia

nesse cabem hortas
há portas que nem foram ditas.

sábado, 19 de outubro de 2013

Salto

Já decidi
vou saltar
desperta me deixo
apreciar a paisagem.
Agora que farei parte dela
quero vê-la com olhos mais familiares...

Ancestral


Primeiro dia
o mar
me nina

do porto
não fica saudade
nas retinas

terão sido
os homens
ou os peixes

os primeiros
a cantarem
rimas?

Cavalos de guerra cultivam campos

 
Cavalos de guerra cultivam campos
 

Os senhores da guerra
descansam
seu merecimento...

Espadas
enferrujadas
se misturam aos campos...

Cavalos
galopam
sem rédeas...

Nem de longe,
olhares
desumanos.

Leve


As coisas
incomodam
os viajantes...

No sonho
sem viagem
de culpa

rio

vendo
a casa
queimar.

Blue



Viajo no fogo
gelado
 
queimo
estrelada
 
a morte
é azul.

******
 
Travel in fire
ice
burn
starry
death
is blue.

 

Decerto o deserto


Há cactus
há dias
firo meus pés...

Borboletas
me fazem rir
são descaradamente belas

como podem...

Como pólen
e sou quase
coisa bela.

Com meu cajado
sou grande
quase o deserto...

Para o deserto
sou quase
borboleta bela.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Noite

Hoje vi a lua
imensa
não havia ontem

agora
não há lua
imenso é o céu negro


escrevo

e aqui
quem está ?

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

...

 
Em Brasília
empinando
pipas
os meninos
desafiam
fios
de alta
tensão.


 

Atemporal



O temporal
terá seu tempo

virá
mares amenos

sei dos riscos
dos meus nados

nada em mim
o imperfeito.